A sensação foi única: compreender enfim, em todas as possíveis interpretações o que ele queria dizer. E pela minha boca ouvi as suas palavras ecoarem. Tão doces e delicadas, assim como era de se esperar. E daquele lábio o sabor das estimadas hemáceas, glóbulos brancos de futuro, plaquetas de eternidade. Sabor único, sentido vez uma só na vida. E assim é, pelo fato daquilo não se repetir nunca mais, daquela forma uma como ocorreu.
Tudo se embrenhou num momento mágico. A maldade humana poderia injetar-me todos os seus vírus que imediatamente um retrovírus seria criado, o coração amansou, a circulação acalmou. Os olhos extasiados pela situação récem criada, percorria todo o palco do acontecimento, e aquele ambiente fora registrado no filme de coisas que lembramos quando a morte está a nos estender a mão.
Sublime sensação. Ascenção dos corpor. Carícia das estrelas mais altas. Feliz de ter sentidos, de aproveitar e armazenar aquilo.
Na contagem do povo da Terra um dia se passou. E o que parecia mágica se tranformou em cotidiano, raiva, e todas as associações que os nossos precedentes sapiens nos deram ao longo da nossa evolução...
E tudo volta ao normal... vida cotidiana cinza, poucas especulações, falta de vontade de se dar...
E cadê aquela folha que se enraizou em meu peito? Aquele fio que em meu seio jazia?
Ah! vida, vida, vida. É só isso mesmo?