dezembro 29, 2007

"Strange Things Will Happen"

Um passo, dois e quantos mais? Um pé, e o caminho, o outro pé... a estrada, o ser, as curvas, encruzilhadas, joelhos ao chão. Tonalidade vermelha, cheiro característico e o momento. De decidir embrenhar-se naquele mar de múltiplas dores ou tentar levantar. Senão rasteijar em direção ao futuro, gritar sem desistir.
Como classificar esse sofrimento? Como conhecer as dores todas, e saber assim em qual hall a minha se encaixa? Seria egoísta afundar eu e a minha dor irremediável? Talvez melhor seja permanecer aqui dentro da minha bela concha, onde me é concedida a possibilidade de respirar um ar pouco contaminado, onde posso olhar de dentro mesmo da minha casa a imensidão do mar, os tons laranjas do pôr-do-sol... me embriagar de azul, azul doce, azul de esperança...e te proteger. Não deixar que as mazelas do mundo lhe toquem...te preservar e te reproduzir em quantos grãos de areia eu puder. E depois contar que vivi, que vi e senti em seus fios de cabelo o que de mais bonito existe nesse lugar que nos colocaram...
Basta a mim você e o tudo que carregas consigo. Basta uma concha e uma ave pra nos elevar, e levar-nos pra bem longe, onde os nossos corações possam correr o quanto quiserem, sem medo de machucarem os pés nos terrenos inóspitos.
E depois reconhcer nas maõs pequeninas daquele ser, a mesma delicadeza que encantou meus olhos mesmo antes que a minhã vã consciência me avisasse...
A junção de nós dois existindo, respirando, apontando para ps peixinhos coloridos. Anoitecer, e os mesmo dedinhos mostrarem o presente que lhe demos: as estrelinhas brilhantes, que mais parecem os seus olhinhos felizes resplandescendo no céu...

"I wil..."

dezembro 05, 2007

Today was a pretty day

Queria poder me preocupar apenas com o funcionamento das minhas células. Quisera eu deitar e dormir o sono das crianças, deixar tudo de lado e sonhar desmedidamente. Queria preocupar-me apenas em encher ainda mais a vida das pessoas que eu amo de felicidade, e não ouví-las narrar o males que a tão aclamada modernidade lhes proporciona cotidianamente. Quem dera me fosse consedido o prazer de refletir, de questionar a minha existência apenas nos dias de aniversário e em viradas de ano, que maravilha que seria! Quisera eu me preocupar apenas em escrever cartas patéticas de amor, em massagear os pezinhos cansados de minha mãe, em entender a simbologia da linguagem do meu cachorro.
Desejaria apenas ceder a minha pele macia ao meu príncipe cheio de defeitos, sem me preocupar com o capitalismo que nos corrompe, que nos faz vomitar aspereza...
Queria mesmo poder caminhar de cabeça erguida pelas ruas, observar as árvores e seus efeitos dourados de primavera pré-verão sem recordar com tristeza brutal dos que não veem, dos que não ouvem, dos que não comem...
Vou ingerindo uma e outra migalha de certeza, choramingando a ganância e sua vitória. Sobrevivendo do amor diário que pessoas-oxigênio insuflam em meus pobres pés. Do contrário já estaria há tempos estendida sem vida em algum lugar...

* Amendoeiras em flor, Vincent Van Gogh