dezembro 16, 2013

Vicent


A sensação de reconhecer algo que eu gosto só no olhar, me enche o coração de boas sensações. Pena é não conseguir transferir emoções na mesma proporção que com a qual elas me chegam. O sol dourado de dezembro revela tantas formas e cores antes não vistas. Os olhos parecem espalhar-se pela estrada das novas imagens, da nova vida que se revela a cada nascer do dia. Esperança transborda. Bondade, benigtude. A alegria parece ter cansado de ficar longe dos dedos das minhas mãos, e resolveu sair e me levar para tomar um sorvete numa tarde despretensiosa. 
Ufa! já consigo ouvir determinados timbres vocais através dos aparelhos de telefonia móvel sem me emocionar tanto. Os quilos de sal de rocha que produzi ainda estão para serem vendidos!
O verão chegou  para me fazer lembrar do doce da vida. Milharais, campos de trigo, tudo bem carregado de significados. As memórias são lindas e a vida se encaminhou para lugares exóticos e deliciosos. Ainda bem.

agosto 23, 2013

Com amor é mais caro

Signos. A semiótica vem, e vai, e sai e volta. As histórias e ideias se ressignificam ( ainda bem!). Paisagens insulares, barulho de vento fazendo cócegas em cabelos. Que dificuldade o que! Anda, segue e gira sobre o que quiser te prender. A mente vai além, as informações querem se aproximar, de carreta, de avião ou até através das patinhas das abelhas. Olhos delineados, bem pretos. Traço espesso - ela é rainha. Mas não esqueça, saudade existe e tudo sem amor é fraco. Barata e ordinária é a vida com alto teor de polipropileno. 

julho 01, 2013

Copo descartável com ondas


Luzes. Som, vibrações. Um bocado disso. Na cabeça um processamento intenso e constante das informações absorvidas de toda uma vida. Relações, conexões, abertas ou perdidas. Muito se fala a respeito dos pequenos e múltiplos flashes que se tornam um pequeno filme a passar diante de nós no momento do desapego da alma. Meus dias tem sido mais ou menos dessa forma, momentos bons confrontados com momentos esquisitos. E desse embate, muitas vezes, obtenho um sumo simpático, com bom aroma. Outras vezes nem tanto. Fétido, amargo, com má aparência. E me causa estranhamento perceber que isso também é produzido por mim.
A vida, coisa rara. Coisa bela e radiante. Duro é nos mantermos motivados cotidianamente, seja por um sorriso de um recém-nascido, seja pela ideia de uma vida que ainda não ancorou por aqui. E se for parar para analisar, é tudo tão rapidinho. É bom se dar conta que já apertaram o play da nossa vida há algum tempo. A escravidão parece diminuir, e de repente acho que vou ouvindo só o que convém. Peneira fina. Talvez não um bom caminho, mas faço. Corro. E corri como Lola atrás de algo que eu julguei importante. E a dor física me fisga a todo instante para me lembrar que dessa vez eu não consegui. Escorregou. Se foi, se esvaiu. E de noite, as lágrimas pareceram estrelinhas sem brilho. "Ah, mas não me diga isso, é só hoje." E logo terás um novo sorriso dourado enfeitando as árvores. "Felizes são os esquecidos, pois eles tiram o melhor proveito dos seus equívocos." 
Palavras. Neosaldina, tarde. Água, um bocado, por favor. "Da alfazema, fiz um bordado."
Hum... uma dose de coragem, um amor revelado, semeado e sem flores. Foi difícil perceber que aquele olhar, onde tantas vezes o mar existia com beleza única, secou. Desandou. 
Mas, dias perfumados virão. O sol virá bailar na janela, e consigo trará a noite que chegará branda, e quem sabe os sonhos sonoros com sabor de pitanguinhas maduras voltem. 

"Adoro teu olhar
Adoro tua força
E adoro dizer seu nome: Leila."

junho 27, 2013

Ritmo

Algumas coisas são tão pessoais e intransferíveis que parece uma traição tentar descrevê-las em símbolos. Mas, é preciso disseminar, compartilhar. Sentimentos muito grandes geralmente não cabem em nossos pequeninos corações.
Chuva, matinhos molhados, tráfego intenso. Poluição que colore as tardes de cinza e me faz lembrar da cidade, da vida corrida, da falta de tempo para o amor e para a amizade. O tempo é cada vez mais curto. As palavras deixam de cair como mangaba no chão, prontinha para consumo, para uma espécie de dose homeopática de veneno escuro, que entra, e força e tende a deixar tudo meio sem graça. Insosso. É difícil andar por aí com Vincent debaixo do braço, tentando deixar pelos cantos o amarelo-vida de seus trigos, seus vermelhos e verdes de Flamboyant. Mas, é preciso. Há a necessidade de espaços menos densos onde possamos repousar a alma, onde os livros, a boa música possam ser delicadamente cultivados. O assombro destrói, queima a pele dos sentimentos e sensações boas. Transforma a mente, a empurra para a beirinha do  abismo. Manoel de Barros salva. Hum, Gandhiji também. E que bom que no final sempre rola uma luz. Bom ainda ter olhos para enxergar. Bom ter orações e mantras para entoar e ajudar o mal a permanecer do lado de fora.
'Alfajores insulares', talvez a humanidade precise provar.

junho 05, 2013

Quase.


Era tardezinha, quando ao entrar em casa, presenciei a chuva levar consigo as lembranças grandiosas do amor que se tinha vivido. A água com suas mãos ferozes remexiam bem a fundo, revirando e afogando qualquer sinal daquele sentimento. E ao ver aquilo, pouco pude fazer. Tentei separar as memórias da água, mas pouco ou quase nada restou.
Agora pela manhã o sol mostrou seu sorriso implacavelmente dourado. Mas talvez ele mesmo forças não tenha para ajudar. Som, viagem, estrada. Longos são os dias que nos separam. Mato, gado e mais árvores. Nada físico, tudo se encontra agora no etéreo das nossas referências. Que quase não mudam, mas que me atraem, ainda assim.
Limpeza? Talvez.
Som muito, por favor. Cartelas de comprimidos, se possível.
Depressão? Quem sabe. Melhor não.
Mais amor? Quase.
Mas, amor é bom.

fevereiro 06, 2013

Psicodelia de imersão

Aqui é som de pitanga, sabor de folhas verdinhas e viçosas. Precisar de algo lá de fora é esporádico, pois aqui dentro de tudo tem: algodão em forma de anel de bigode, livrinhos escritos com ácido ascórbico, imagens pintadas com pinéis de sorriso.
É mar de flores azuis e brancas banhando os pés que de longe vieram. É arroz de bonança, trigo de harmonia. E quantos incontáveis sorrisos conseguimos pegar nessa imensidão de boquinhas em forma de sorriso. Estou. Sou. E somos. Por que assim quer a natureza, por que assim quer a sanfona.
Simplicidade na vida. Música, comidinhas risonhas para o paladar. A vida simples para um bom viver. E dragões, elfos, duendes - mágica para decorar o cotidiano. E quiçá, repartir em pedacinhos as energias que não se mostrarem positivas.
Quero vida, descanso, conformidade. Quero mãos sempre dispostas para estenderem-se até o bem. Corujinhas em seus ninhos sempre quentinhos. Sempre fortalecidos e macios. E que a psicodelia dos nossos líquidos continue a nos envolver cada vez mais, que nos forneça dia após dias todas as substâncias necessárias para o nosso 'embriagamento' de coisas boas. e é pelo telefone que chegam as informações: o amor é sim uma chance, uma escapatória para combater toda a maldade que no mundo possa existir. Armas a postos: flores, carinhos, doces e seus desenhos.