março 17, 2015

Um texto dela


Como seria um texto dela se aqui ela estivesse, e outra fosse a realidade? Será que as lágrimas ainda iriam acordá-la? Quem poderia saber. Será que a pele ainda continuaria lisa e morena, ou teria empalidecido?
Bananeira, flamboyants... ah, isso eles sabem de cor. Às vezes chovia muito, e a roupa chegava soltando gotinhas. Mas até isso era bom, pois a lareira de sentimentos era maior do que qualquer arrepio que se pudesse sentir.
A cidade aumentou o sorriso, e eu pude enfim ver seus largos dentes esbranquiçados - quanta alegria! Ainda continuo carregando potes daquelas cores que coletamos, tanto no jamelão, quanto nas pitangas, mas, o que valeria colecionar cores, se eu não pudesse a cada novo instante agarrar mais uma?

janeiro 20, 2014

O portador do retrato de moldura


Banho de cuia, pingente que caiu e sumiu debaixo da cama. Mundo particular, vozes de crianças saindo da escola. Língua pigmentada das frutinhas que caiam ao chão, mas,  tinham mais sabor sendo retiradas do próprio pé. Grande homem borboleteando entre galhos - saciação do paladar. Ave que aparecia e sumia, será uma assombração? Pão em migalhas para alimentá-la. Mundo distante, onde a alegria da menina era ver o a árvore verde pintada de pontos vermelhos - pitangas. Ah, que emoção! Latidos fininhos de cachorro bebê. Lambidas... fios de barba refletindo o dourado-vermelho do sol - riso largo.
As lembranças, quando boas, fazem cócegas na alma quando nos assaltam. O cheiro de sândalo faz a viagem continuar.

dezembro 16, 2013

Vicent


A sensação de reconhecer algo que eu gosto só no olhar, me enche o coração de boas sensações. Pena é não conseguir transferir emoções na mesma proporção que com a qual elas me chegam. O sol dourado de dezembro revela tantas formas e cores antes não vistas. Os olhos parecem espalhar-se pela estrada das novas imagens, da nova vida que se revela a cada nascer do dia. Esperança transborda. Bondade, benigtude. A alegria parece ter cansado de ficar longe dos dedos das minhas mãos, e resolveu sair e me levar para tomar um sorvete numa tarde despretensiosa. 
Ufa! já consigo ouvir determinados timbres vocais através dos aparelhos de telefonia móvel sem me emocionar tanto. Os quilos de sal de rocha que produzi ainda estão para serem vendidos!
O verão chegou  para me fazer lembrar do doce da vida. Milharais, campos de trigo, tudo bem carregado de significados. As memórias são lindas e a vida se encaminhou para lugares exóticos e deliciosos. Ainda bem.