junho 27, 2013

Ritmo

Algumas coisas são tão pessoais e intransferíveis que parece uma traição tentar descrevê-las em símbolos. Mas, é preciso disseminar, compartilhar. Sentimentos muito grandes geralmente não cabem em nossos pequeninos corações.
Chuva, matinhos molhados, tráfego intenso. Poluição que colore as tardes de cinza e me faz lembrar da cidade, da vida corrida, da falta de tempo para o amor e para a amizade. O tempo é cada vez mais curto. As palavras deixam de cair como mangaba no chão, prontinha para consumo, para uma espécie de dose homeopática de veneno escuro, que entra, e força e tende a deixar tudo meio sem graça. Insosso. É difícil andar por aí com Vincent debaixo do braço, tentando deixar pelos cantos o amarelo-vida de seus trigos, seus vermelhos e verdes de Flamboyant. Mas, é preciso. Há a necessidade de espaços menos densos onde possamos repousar a alma, onde os livros, a boa música possam ser delicadamente cultivados. O assombro destrói, queima a pele dos sentimentos e sensações boas. Transforma a mente, a empurra para a beirinha do  abismo. Manoel de Barros salva. Hum, Gandhiji também. E que bom que no final sempre rola uma luz. Bom ainda ter olhos para enxergar. Bom ter orações e mantras para entoar e ajudar o mal a permanecer do lado de fora.
'Alfajores insulares', talvez a humanidade precise provar.

Um comentário:

Alex Vasques disse...

"Há a necessidade de espaços menos densos onde possamos repousar a alma, onde os livros, a boa música possam ser delicadamente cultivados."

É disso que estou falando.